casamo-nos muito cedo, eu era muito jovem, demasiado jovem para saber o que era o casamento
não sabia o que era amor, o que era amar, o que era partilhar uma vida
mas tu sabias, ou pensavas que sabias,
era obcessão, loucura, era dar esperando receber,
raro ficava em casa, todas as festas eram iluminadas pela minha graça , minha luz e graciosidade
sempre só
sempre me esperando em casa
mesmo quando te dei uma filha, recusei-me a abandonar os palcos, o glamour, o êxito, os aplausos, os admiradores
consumias-te em ciume, mas nem uma palavra evocavas para me prender
adoravas-me, idolatravas-me
tu eras meu marido
sem significado, oco, presente
eu era tua estrela
a tua vida
solitaria sempre solitaria sempre rodeada de admiradores, de flores, de risos, de olhares brilhantes de desejo, sempre solitaria
Recordo a primeira noite depois de teres partido deste mundo
Estava de negro, junto a uma lareira enorme sem luz
chorei a tua morte
como só depois de teres partido eu soubesse valorizar a tua companhia
VIngaste.te
a tua obcessão continua
mesmo nos corredores de cidades desconhecidas eu sinto-me acompanhada
sempre a tua presença afasta todo e qualquer homem que vê luz no meu olhar
tua vingança é a minha solidão
em todos os homens eu te procuro
em nenhum te encontro
a nenhum me entrego
é contigo que eu adormeço
é contigo que eu desperto
Todos eles sentem o cheiro a macho proprietario que emanas além tumulo
Obrigas-me a viver te buscando quando tu recusaste morrer para me continuar a ter
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