entro numa espiral de luz violeta
deixo-me guiar pelo movimento
entro dentro dela e inundo-me de luz
revejo-te e revejo-me
obrigaste-me a casar
obrigaste-me a ir para tua casa
fugia sempre que podia, procurava a minha essência, deixava-me levar pela fama, pela alegria que transmitia, alegria vinda do meu interior, o meu caminho
todos os homens que me tiveram, a todos a quem me entreguei, era carne, gozo, matéria, sempre contigo dormi, sempre contigo vivia
para ti eu tinha os sorrisos, os segredos,
para os outros, momentos efémeros, transparentes, finais
a ti dei-te uma filha
a ela passei meu conhecimento
ela teria de buscar seu próprio caminho
amei-a
respeitei-te como companheiro
não tinhas o direito de querer interromper meu caminho, não tinhas o direito de me fazer sentir culpada
a tua obsessão foi construída por ti
a minha solidão foi constituída pela culpa
não sou culpada de tua morte, não sou culpada de tua vida
não sou culpada
eu perdoo eu perdoo
não tenho de viver a tua solidão por tua escolha
tu não querias acompanhar-me
recordas????
tu preferias ficar em casa, a lareira era mais atraente que os palcos onde tua esposa brilhava e aquecia
não me podes fazer sentir culpada pelas tuas decisões, pelas tuas escolhas
não sou culpada pela tua perda
chorei-te
amei-te à minha maneira
as tuas ilusões foram criadas por ti
o meu arrependimento está esclarecido
a busca terminou
sempre me tiveste, fui tua, agora, sou de mim
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