quando era casada não sabia que, recusando deitar.me ao mesmo tempo que meu marido, estava a querer distanciar.me dele
não sabia que despertar e não querer o seu toque, estava rejeitando a sua presença na minha vida
não tinha consciência que passando mais horas no escritorio, era para passar menos horas em casa
não pensava que as horas dedicadas ao tetris eram para evitar dialogos que não sabia começar
e pensava que o amava
aquele amor que se torna seguro e monotono,
o normal num casamento normal
outros mundos, outras dimensões, outras vidas, tantas personagens, tanto sofrimento, tanta solidão
porque ainda existem casais que não se respeitam?? como posso ajudar e libertar tanta angustia nesta vida, neste seculo? como podem ainda co-habitar personagens incompatíveis? porque continuam se magoando, se torturando? mutuamente
eu torturo-me mas só a mim mesma, posso preocupar meus amigos, meus pais mas, nada de especial, porque todos eles pensam que eu saberei lidar com a situação
mas a solidão deles não é a minha, a minha é mais profunda, vem de mais vidas, preciso de respostas, preciso recordar, preciso limpar-me e tornar a nascer, preciso de me perdoar
quantas lagrimas precisei de chorar para saber que só brincavas com meus sentimentos, quantas vezes te disse o que tu só concluiste tarde demais Ja estava enterrada na dor, na angustia de te saber diluído
- Torturamo-nos sem sentindo, caimos no poço da tristeza infindavel mas, porque razáo o faremos se a vida nos dá o que pedimos
é táo simples, táo facil e continuam a pensar que merecemos ser infelizes
basta respirar, respirar
parar e sentir que o ar que nos envolve é purificador, no dia em que buscarmos a recordaçáo de quem somos, vemos que tudo pode acontecer
basta acreditar e surge aquela sensaçáo de que somos poderosas e amor é muito mais que manter aparências que a vida é muito mais que fingir viver
acredita e segue o teu instinto
ele sempre está correcto
casamo-nos muito cedo, eu era muito jovem, demasiado jovem para saber o que era o casamento
não sabia o que era amor, o que era amar, o que era partilhar uma vida
mas tu sabias, ou pensavas que sabias,
era obcessão, loucura, era dar esperando receber,
raro ficava em casa, todas as festas eram iluminadas pela minha graça , minha luz e graciosidade
sempre só
sempre me esperando em casa
mesmo quando te dei uma filha, recusei-me a abandonar os palcos, o glamour, o êxito, os aplausos, os admiradores
consumias-te em ciume, mas nem uma palavra evocavas para me prender
adoravas-me, idolatravas-me
tu eras meu marido
sem significado, oco, presente
eu era tua estrela
a tua vida
solitaria sempre solitaria sempre rodeada de admiradores, de flores, de risos, de olhares brilhantes de desejo, sempre solitaria
Recordo a primeira noite depois de teres partido deste mundo
Estava de negro, junto a uma lareira enorme sem luz
chorei a tua morte
como só depois de teres partido eu soubesse valorizar a tua companhia
VIngaste.te
a tua obcessão continua
mesmo nos corredores de cidades desconhecidas eu sinto-me acompanhada
sempre a tua presença afasta todo e qualquer homem que vê luz no meu olhar
tua vingança é a minha solidão
em todos os homens eu te procuro
em nenhum te encontro
a nenhum me entrego
é contigo que eu adormeço
é contigo que eu desperto
Todos eles sentem o cheiro a macho proprietario que emanas além tumulo
Obrigas-me a viver te buscando quando tu recusaste morrer para me continuar a ter